Bem vindos ao meu dia-a-dia em Luanda/Angola.

Bem vindos ao meu dia-a-dia em Luanda/Angola



sábado, 27 de fevereiro de 2010

DICIONÁRIO ANGOLANO - PARTE 1

Bicha – Fila
Relva – Grama
Frescos – Frios
Telemovel – celular
Terminal – Telefone (número)
Gasosa – Propina / Refrigerante
Sumo – Suco
Buê – Muito
Levantar – Arranjar
Coiso – Coisa
Rotunda – Rótula/Giradouro
Vivendas – Casas
Casa de Banho – Banheiro

TERMOS:

Tás a ver – Tá vendo
Diga – Como?
Não percebi – Não entendi
É muito giro – É muito massa
Tá fixe – Tá massa
Tá bala – Tá lega
Iá - Sim

A ILHA DO CABO E A BAÍA DE LUANDA


Nesta semana tive a oportunidade de conhecer a Ilha do Cabo (também chamada de Ilha de Luanda) e a Baia de Luanda, infelizmente não como turista, mas tudo é válido quando se é para conhecer algum lugar novo. E este lugar novo trata-se de um dos mais belos e famosos cartões postais da cidade. A avenida 4 de fevereiro, ou simplesmente ‘Marginal” exibe o contraste entre a beleza natural da baía e os diversos edifícios modernos ao seu redor (parece muito com a avenida boa viagem).



A ilha, que tem seu acesso na entrada da baía, possui belíssimas praias de areais brancas e águas clarinhas (quase que eu peço para o motorista Antônio parar, para que eu pudesse pelo menos colocar o pé na areia e sentir o cheiro do mar...rsrsrsrsrsrs), ornada por coqueiros (acreditem se quiser, mas os angolanos não tem o costume de beber água de coco, somente comem o coco, a famosa “laminha”). Na ilha existe uma excelente estrutura de entretenimento, com diversos bares e restaurante. É para lá que vão os expatriados, curtir a praia pela manhã e as boates à noite. Dizem que nem parece que você está na Angola, pois os estrangeiros tomam conta do pedaço. Bom, que sabe em um dos meus dias de folga eu possa usufruir dessas belezas.



terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

PROCURA-SE SÓCIO


Mal cheguei em Luanda e já tenho 2 negócios, e procurando sócios:
O primeiro deles é um bar, que leva meu apelido: BI BIER....rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrs...vendo, exporto, importo...tudo da mais alta categoria!!!!

O segundo é um posto de combusível altamento eficaz, não tem nem bomba...rsrsrsrsrs.
Brincadeiras a parte, o que se vê muito pelas ruas de Luanda são essas barraquinhas que vendem combustível. Apesar da comodidade (já que os postos são lotados a qualquer hora do dia) é um risco abastecer nesses pontos, visto que a possibilidade de haver "misturas" é enorme.






Estava eu a pesquisar na internet a existência de um mapa que mostrasse os bairros de Luanda, quando me deparei com uma página bem interessante, de "coisos" (coisas = coisos) que eu iria escrever e cujas palavras retratam a realidade de forma muito clara. Tomei a liberdade de escolher alguns trechos e compartilhar com os meus seguidores, pois são informações bastante interessantes.

A CIDADE DO FUTURO

Luanda está povoada de vendedoras de fruta, peixes e legumes, que descem à cidade vindas do mercado Roque Santeiro (um dos maiores mercados a céu aberto do mundo), com alguidares à cabeça recheados de suculentas mangas, ananases ou carapaus. Ao fim da tarde, quando aumenta o trânsito nas ruas congestionadas da capital e não há lugar para estacionar e ir à padaria, surgem os convenientes sacos de pão fresco para levar para casa. Todos estes vendedores são geralmente afáveis e humildes, sem assediarem demasiado os passantes, como em certos países do Norte de África. Apenas não gostam que lhes tirem fotografias, por medo de represálias por parte da polícia, que passa o dia a persegui-los de um lado para o outro. Só as vendedoras de frutas e legumes beneficiam de alguma tolerância e condescendência. Milhares de desempregados encontram na venda ambulante uma solução de recursos para os seus problemas de sobrevivência. Estão, na sua maioria, ao serviço de comerciantes libaneses, indianos e chineses, que os abastecem a partir dos seus armazéns.

Tudo se vende e tudo se compra nas ruas de Luanda: cabides de plástico ou de madeira, malas com as ferramentas mais diversas, acessórios de automóveis, bicicletas para criança, isqueiros para o fogão, sapatos desportivos, jornais e revistas, tapetes, candeeiros de quarto, tábuas de passar a ferro, malas de viagem e os inevitáveis relógios e óculos de sol. Surpreendentemente, não se vê artesanato à venda. Num país que ainda recebe muito poucos turistas, a oferta de artesanato é limitada a dois ou três mercados na ilha e nos arredores de Luanda e a uma ou duas lojas no centro. Apesar de estarmos num dos países mais pobres do mundo, ninguém se surpreende com os modelos topo de gama que circulam em Luanda: dos Porsche, Mercedes e BMW, aos novíssimos Hummer e jipes japoneses importados directamente do Dubai por 50 mil dólares. Por força do afluxo de capitais decorrente das vendas de petróleo e diamantes, Luanda tornou-se numa cidade estupidamente cara - ao nível das mais dispendiosas do mundo - onde não é possível comer num restaurante por menos de 50 dólares por cabeça, mesmo se o estabelecimento for tipicamente angolano. Ligada à Marginal por um aterro, a Ilha de Luanda converteu-se na "cidade dos ricos": aqui se concentra a melhor oferta de bares e restaurantes, com magníficas esplanadas viradas para a baía ou para o mar.

Musseques a perder de vista

Mas o mais impressionante para o viajante que aterra em Luanda, é a extensão a perder de vista dos bairros de musseques nos arredores da capital. Este mar de favelas foi crescendo desordenadamente e sem o mínimo de condições de salubridade durante os anos de guerra, à medida que as populações do interior procuravam refúgio dos combates e da fome na grande cidade. Hoje, vivem em Luanda mais de quatro milhões de habitantes (cerca de um terço da população do país), a grande maioria dos quais são jovens sem qualquer tipo de raízes nas províncias de origem dos seus pais e avós. Caminhar pelas ruas pode ser uma experiência angustiante para os viajantes habituados a andar de carro com motorista, da saída do hotel ao restaurante ou ao escritório. Como não há turistas e todos os expatriados que trabalham em empresas instaladas em Luanda usam carro próprio, não há praticamente táxis na cidade. Esta é dominada pelos chamados "candongueiros", carrinhas Hiace de cor azul e branca, com condutores que correm como loucos pelas ruas, servindo os bairros periféricos não cobertos pelos transportes públicos oficiais.



O trânsito, como é de esperar numa cidade africana, é caótico. Impera a lei do mais forte nos cruzamentos - há um privilégio tácito para os jipes e veículos de gama alta - e quem circula nas rotundas não tem necessariamente prioridade. As ultrapassagens fazem-se pela esquerda, como pela direita e todos os espaços livres são preenchidos num afã por chegar mais cedo. Esta prerrogativa esbarra inevitavelmente nos constantes engarrafamentos que ocorrem nas ruas de Luanda a qualquer hora do dia - apenas de manhã, bem cedo (6h00) se consegue circular sem constrangimentos da Baixa para o aeroporto. Mas, a esta hora, todos os cuidados são poucos e o risco de acidentes é redobrado.

A maior dificuldade para quem circula a pé é atravessar as ruas. Escasseiam as passadeiras e os sinais luminosos que, no entanto, são respeitados ao contrário do que sucede noutros países africanos. Outro desafio é o de evitar pôr "a pata na poça" dos esgotos a céu aberto que correm nalguns passeios ou conseguir traçar o seu caminho no dédalo de carros estacionados em cima do passeio, evitando as crateras causadas pela degradação dos mesmos ou a ausência de tampas nos buracos de esgoto (só os que estão entupidos até ao cimo, não representam perigo).


"Manhattan" africana

Todavia, o surto de construção civil que se verifica, actualmente, em Luanda vai alterar completamente a paisagem da capital angolana, transformando-a nos próximos anos numa verdadeira "Manhattan" africana. Junto à famosa marginal, estão a ser erguidas novas torres com mais de 20 andares de escritórios das companhias petrolíferas Esso e Sonangol; a seguradora AAA já inaugurou o seu novo edifício sede, com dez andares; um investidor senegalês está a construir a Tour Elysée; e está prevista a construção de cinco novos hotéis.

No entanto, o maior dos arranha-céus de Luanda, com 25 andares de escritórios, habitação e espaços comerciais, vai ser construído pela Escom Imobiliária no bairro Miramar, dominando a cidade e a baía. E, mesmo ao lado, vão nascer duas torres de apartamentos com 18 andares. No segmento da habitação, prevê-se um grande desenvolvimento na zona de Luanda Sul, com a construção de residências para a classe alta e média-alta, enquanto o Governo procura realojar em bairros construídos pelos chineses, as populações que habitam os musseques construídos em pleno centro da capital e os ocupantes de prédios não acabados.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

NOSSO LAR EM LUANDA


Como já tinha falado em post anterior, nossa casa está localizada no bairro “Projecto Nova Vida”. Estamos exatamente na Rua 4. São poucos os bairros da cidade que possuem nomes ou números de ruas, daí a dificuldade de se localizar em Luanda, e mapa que é bom, nada – por isso que não existe serviço de correio. Mas todos terminam se acostumando e memorizando aos diversos pontos de referência.



Temporariamente estamos na casa dos diretores, já que a casa do comercial, que fica do lado, ainda está em obras (casa amarela das fotos). Não temos do que reclamar de absolutamente nada. A Mônica, nossa mãezona por aqui, cuide nós da melhor forma possível. Temos alimentação da melhor qualidade, roupa lavadinha e passadinha, chuveiro quente, cama com edredom, quartos com ar-condicionado...não poderíamos estar melhor instalados. Curiosidade: o fato de todos os cômodos da casa possuírem ar-condicionado...eu falei: TODOS (confesso que ainda não me acostumei com isso e sempre estranho ao entrar em casa diariamente e sentir tudo “gelado”), incluindo salas, cozinhas e etc - isso tudo por causa do calor intenso e dos mosquitos.
Quando se passa na frente das casas se vê logo a marca LG estampada por todas as paredes externas. Detalhes: A Angola como um todo tem deficiência de energia e água. A grande maioria dos domicílios possui gerador. Dia de domingo, por exemplo, é de praxe acabar energia aqui no bairro, e daí temos que apelar para o gerador. Isso é muito louco. Uma quantidade absurda de ar-condicionado e uma deficiência enorme de energia.





Já é meu nono dia aqui nas terras da áfrica. Hoje é domingão e será mais um dia de trabalho. Pela primeira vez irei me aventurar dirigindo no insano trânsito de Luanda (depois eu conto como foi). Só presta assim, até porque se na minha folga eu quiser conhecer algum lugar desse país, terei que ir de carro, pois não existem vans turísticas por aqui. Para quem me conhece, sabe que isso é um desafio maravilhoso de abraçar.







quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O CENTRO DE LUANDA


Nesta quarta-feira tive a oportunidade de conhecer o centro de Luanda, que em horário de rush, fica a uns 40min de onde estamos morando (agora ficou bem claro que os bairros da Nova Luanda são realmente uma Nova Luanda, e habitado quase que na totalidade por estrangeiros),um misto de trechos bastante pobres e outros com prédios bem modernos, e, claro, muitas obras em construção.



Durante o trajeto vi a praia pela primeira vez. Infelizmente eu estava trabalhando, então não pude ainda desfrutar das belezas naturais, mas já deu para me sentir mais em casa. Eu tinha comentado em um post anterior que em Luanda não existia sinais, mas tem sim, no centro, embora que a confusão no trânsito seja a mesma de outras regiões. Ninguém respeita muito nenhuma lei, quem dita as ordens são as candongas, isso quem me falou foi o angolano Antônio, um dos nossos motoristas aqui, uma figuraça de 27 anos e já com 3 filhos, cada um de uma mulher diferente. Isso por aqui é bem normal. Lembro que antes de chegar a Angola, bati um breve papo por telefone com o Xico Paulo, que passou 6 meses aqui em Luanda. Ele me falou o quanto os angolanos são apaixonantes, e eu estou começando a ver isto. Eles são divertidíssimos, amáveis, carentes e com uma vontade enorme de aprender e desbravar o mundo.



Na volta para casa, depois de um dia agitado de trabalho, pude apreciar um pouco do meu primeiro pôr do sol, mesmo que rapidamente e estando dentro do carro presa nos engarrafamentos – o que não me gerou bons ângulos para se registrar boas fotos. Mas já deu para sentir um pouquinho da beleza que é. Dizem que na África é onde tem o mais bonito pôr do sol do mundo (e aqui em Luanda ele se põe no mar, como já tive o prazer de ver em Punta del Leste no Uruguai) e eu já percebi que é a pura verdade. O céu não fica atrás...registrarei melhor quando eu estiver de folga, de preferência em uma praia.


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

CURIOSIDADES, HÁBITOS E COSTUMES – PARTE 2



- Câmbio moedas: 1 U$D equivale a 94 Kwanzas (moeda local). - Para a minha felicidade, o vinho aqui é baratíssimo. Não só ele, mas a grande maioria das bebidas alcoólicas. Compra-se aqui um de wisky jonh Walker por aproximadamente U$ 12, e uma boa garrafa de vinho sul africano por U$ 13. Logicamente minha adega local começa a ser abastecida!!!! - Não é costume falar palavrão por aqui. É considerado uma grande falta de respeito. - Os homens fazem xixi nas ruas sem nenhum tipo de constrangimento.
- A febre de piratex também é grande aqui. Já comprei até meu primeiro Cd de músicas com os ritmos africanos variados, incluindo o kuduro (bem que meu irmão me disse, e eu achando que era brincadeira), tarraxinha, kizomba e semba....todas elas bem dançante, impossível não mexer uma parte do corpo. Quem tiver curiosidade, acesse o link: http://www.angodownload.com/






terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

CURIOSIDADES, HÁBITOS E COSTUMES – PARTE 1

- Nos jornais a seção mais lida é a “Funerária”, isso porque há uma forte tradição local em torno do ritual da morte, que é marcada por festas que durão até 30 dias (dependendo do bolso da família).
- A água é um item tão valioso quanto o diamante e o petróleo (salvo as suas proporções). Para se ter uma idéia, um galão de água mineral custa aproximadamente U$ 12, e um carro pipa sai por U$ 200. Como comparativo, o litro do combustível (gasolina) é vendido por U$ 0,9 (baratíssimo).
- Alguns bens são baratíssimos aqui, e o carro é um deles. Os modelos 4x4 saem pela metade do preço dos comercializados no Brasil. Aliás, 70% dos veículos daqui são no modelo off-road, pois asfalto é raríssimo por essas bandas.
- Não existe sistema de correios. Há uma espécie de “sedex”, mas que não é tão eficiente e seguro como estamos acostumados. Quando queremos algo do Brasil, melhor pedir para algum brasileiro residente que estará voltando para a Angola depois das folgas rotineiras.
- A malária é tão comum quanto uma gripe, e não há grandes preocupações. A população está tão acostumada que os procedimentos médicos são de fácil acesso e bastantes eficientes.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

JACK BAUER + DR. HOUSE

Voltar a trabalhar com Luis Fernando, tendo-o novamente com Líder, é reviver o passado e apostar em novos conhecimentos. Creio que pouquíssimas pessoas conseguiriam me convencer a vir para essa louca aventura em Angola, mas a experiência da época da Capuche fez com que eu confiasse plenamente nas suas palavras. Além da admiração profissional, é uma diversão conviver com uma criatura que caracterizo como uma mistura de Jack Bauer e Dr. House. Para quem assiste esses seriados não é preciso falar mais nada. E para quem me conhece, ter um guru desses é a minha cara...rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrs.
Quem compartilha dessa experiência comigo é Daniel Dantas, meu ex-assistente de marketing. Estávamos recordando o dia em que combinamos de almoçar no Midway Mall para conversar sobre o convite de vir morar/trabalhar em Luanda. Assim que sentamos na praça de alimentação Luis Fernando nos liga e de repente o que seria uma conversa virou uma verdadeira corrida contra o tempo para conseguirmos juntar toda a papelada burocrática que iniciaria o processo para esta nova jornada.

RUMO AO INTERIOR – BENGO


Mal chegamos em Luanda e já pegamos a estrada para o interior. O destino era a província do Bengo, localizado a 70km da capital, onde está localizado um dos empreendimentos da Build Brasil/Galson, chamado “Quintas do Rio Bengo”. Um local belíssimo de paisagens campestres. No caminho, a imagem de um trem abandonado, que foi queimado durante o período da Guerra Civil, retrata o passado. A estrada que leva para a província foi recém construída, fato esse provocado pelo acontecimento do CAN.

Falar em futebol, na ida para Bengo, passamos em frente ao belíssimo e moderno “Estádio 11 de novembro”, que foi construído especialmente para esse evento desportivo.
Ao trafegarmos pela cidade e arredores, já deu para confirmar o que havia escutado no Brasil, de que a Angola (na só Luanda), é um verdadeiro canteiro de obras. É grua pra tudo que é lado, impressionante. A mão de obra chinesa impera. Dizem que todos eles são presidiários e foram enviados para angola como forma de pena, por terem tido mais de um filho em sua terra de origem. Os angolanos não gostam muito dessa presença, já que os chineses tomam o lugar deste tipo de prestação de serviço.


Voltamos para Luanda por volta da hora do almoço e fomos surpreendidos com o primeiro prato da culinária local: Fungi. Uma espécie de “purê” de mandioca, porém bem mais consistente. O acompanhamento foi uma carne cozida com quiabo. E para não termos saudade de casa, um típico feijão preto brasileiro, preparado sob a supervisão da dona Mônica, a “super mãe” aqui na casa da equipe comercial. Difícil foi conseguir ficar alerta depois desses quitutes e ainda encarar o início do treinamento.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

REALIDADE


Depois de 7 horas e ½ de vôo, e mais 2h até colocar o pé para fora do aeroporto, nada de dormir. Chegando à nossa nova casa, que fica no bairro “Projecto Nova Vida” (não poderia ter nome mais propício), ao lado do Talatona (bairro com o mais alto padrão da cidade), dentro da região chamada hoje de Nova Luanda. Meus olhos puderam ver o que antes era revelado apenas pelos meios de comunicação e alguns comentários de conhecidos que já pisaram por essas bandas: aqui não tem pobreza, e sim muita miséria. A grande maioria sobrevive com menos de U$ 1 por dia. Lixos a céu aberto, como se fossem inúmeros “lixões” que estamos acostumados a ver nos grandes centros urbanos, destes que ficam afastados da cidade. Mas aqui são muitos. Dá pra compreender o porquê de tantas doenças e tipos de insetos nada amigáveis. O trânsito é uma loucura. Aqui não existe, sinais. O transporte coletivo são chamados de “candonga”, uma espécie de van, todas pintadas de azul quase bebê. Há uma infinidade delas, todas lotadas, e sem rotas pré-definidas como no Brasil. Não existem linhas, e sim “trechos”. Para se chegar a um ponto do outro lado da cidade é preciso pegar várias candongas, que são utilizados em sua maioria pela população local. Parece que os estrangeiros não se habilitam a fazer essa aventura.

Um dos brasileiros que já mora aqui a bastante tempo nos deu a seguinte dica “absurda”, porém real: “ao se envolver em algum atropelamento ou batida, FUJA. O risco de ser linchado é enorme (pelo fato se sermos “pula", ou seja, “brancos”). Não tendo chance de fugir, se prepare para a “gasosa”, que significa “propina”. A gasosa é tão presente quanto o ar que se respira. Tudo funciona com ela. Se pede Kwanza (moeda local) o tempo todo, em qualquer situação. Não é de se espantar ou criticar, simplesmente é um hábito local.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

A chegada na capital angolana




Capital angolana (436 anos), Luanda é nos dias de hoje uma grande metrópole, com uma população estimada em 4,5 milhões de habitantes de todas as raças e nacionalidades. O CAN (Campeonato Africano das Nações de Futebol), realizado em janeiro passado, trouxe para a cidade uma série de melhorias no que se refere a vias de acesso (principalmente ruas asfaltadas). Desde que a paz se estabeleceu em Angola, Luanda é das cidades que mais tem crescido no mundo, havendo já quem a chame de “Manhattan africana”. A cidade faz parte das capitais dos países de língua oficial portuguesa (Angola, Cabo-Verbe, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e S. Tomé e Príncipe).









O Voo no total foi tranqüilo, fora uma turbulência nos primeiros 15minutos após a decolagem, o que rendeu gritos, choros de crianças e até desmaio. Me senti em um filme de desastre aéreo (rsrsrsrsrsrrs). Não podíamos reclamar do avião, fomos no boing 777-200, o mais novo e moderno da TAAG, com capacidade para 254 passageiros. Algumas curiosidades: os angolanos passeavam pelos corredores do avião como se estivessem em casa (as “simpáticas” aeromoças gastaram muita saliva pedindo para todos se acomodarem em suas poltronas); a empresa aérea era Angolana, o destino era a áfrica, mas o vinho servido era argentino (rsrsrsrsrsrsr); ao pousarmos no aeroporto de Luanda, chamado 4 de fevereiro, todos bateram palma, costume local.


Cheguei à cidade no dia 13 de fevereiro, as 4h40 da manhã horário local (as 01h40 no Brasil), e depois de 2h da emigração e salão de bagagens, fomos direto para a residência da empresa Build. Que venham as aventuras em Angola. Tudo está apenas começando.








quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A.A e D.A

Antes da África e Depois da África!
Este certamente será o último post enviado do Brasil. Acabei de receber a notícia da liberação do visto, e amanhã, dia 12, final de tarde, será o embarque para Luanda. O frio na barriga é inevitável. A ficha está terminando de cair. O desconhecido é o campo de todas as possibilidades.
Gostaria muito de ter passado o carnaval escutando Jazz&Blues, no friozinho de Garanhuns. Mas às vezes querer não é poder.
Vamos ver o que tem no carnaval angolano, isso se eu tiver a oportunidade de colocar a cara pra fora da rua depois que me instalar, pois já irei pegar uma longa sessão de treinamentos.

Reconhecimento

O convite para ir trabalhar/morar em Angola (feito pelo meu ex-chefe da época da Capuche) foi, antes de qualquer coisa, um reconhecimento. Sempre cultivei a seguinte filosofia: “Onde quer que esteja, mesmo que não seja o emprego dos seus sonhos, dê o melhor de si. Sempre temos algo a aprender, e fazer apenas o básico, o que te pedem, irá fazer de você um profissional como outro qualquer”.
Minha último desafio, como diz Álvaro Garnero (rsrsrsrsrsrrs...sou fã dele), foi uma “experiência única e fascinante”. Fazer parte da formação do Novo Jornal foi um presente de Deus. E também não foi fácil abrir mão disso tudo: de conviver com uma equipe maravilhosa, de aprender com pessoas do mais alto gabarito e de não ver de perto o desenrolar de vários projetos que estavam sob a minha responsabilidade.
Hoje tive mais um reconhecimento ao ler a página 10 da edição desta quinta-feira. São esses momentos que me fazem ter a certeza que vale a pena ir mais além. Agradeço em especial a Cassiano Arruda, Manoel Pereira, Carlos Magno, e, claro, a minha cria da equipe comercial/marketing – Kate, Shel, Dri, Nayra, Beca e Rafa – vocês fizeram meus dias de trabalho parecerem pura diversão.

A África não é apenas sofrimento.

Tudo começa pelo nome. Pedi para um amigo redator que me ajudasse a criar um nome para este blog, dizendo que o objetivo seria relatar meus dias na nova rotina em Angola. Ele sugeriu “Dias de Angola”, simples assim. Eu gostei, queria realmente algo direto e de fácil interpretação. Mas me veio à cabeça: “Dias Africanos”, afinal de contas, sou uma aventureira nata, e não canso de conhecer novos lugares, costumes, pessoas, culturas, paisagens, peculiaridades. A primeira reação do meu amigo foi: “é...é simples e objetivo, mas passa a imagem de sofrimento”. Argumentei que, acima de tudo, os africanos são alegres por natureza, e ele concordou. Sei que irei encontrar muita pobreza, muitas injustiças, tudo de ruim que passa nas Tv´s. Mas a intenção é justamente ao contrário. Quero descrever e mostrar por fotos todas as belezas naturais, todas as singularidades desse povo, todas as paisagens fascinantes desse berço do homo sapiens.
Apesar de estar indo morar em Angola, aproveitarei todos os momentos disponíveis para conhecer os arredores deste diversificado continente, que esconde paraísos pouco divulgados. Já tenho uma pequena listinha de prováveis destinos, mas deixarei meus leitores na expectativa. Compartilharei com vocês minhas experiências, minhas emoções, minhas aventuras, ou seja, meu novo dia-a-dia. Que venha a África, e que eu possa descobrir todos os seus encantos, que me farão ter a certeza de que fiz a escolha certa, ao ter que abrir mão de uma família louca e amada, de um namorado incomparável, de amigos raros e de uma cidade que aprendi e gostar. Sejam bem vindos ao meu espaço virtual, que foi feito para vocês.